Com mais de 1.800 casos confirmados na cidade e sorotipo DENV3 circulando pelo estado de São Paulo, Hospital São Lucas realiza plano de contingência para controle dos casos.
O aumento no número de casos de dengue no ano de 2025 já preocupa profissionais da saúde em Ribeirão Preto. Na última quarta-feira (12/02), a prefeitura confirmou a primeira morte decorrente de dengue na cidade, tendo em investigação mais 3 óbitos. No Hospital São Lucas, o aumento de casos suspeitos já serve como alerta para a população. Somente no período de janeiro, foram 560 atendimentos, aumento de 100% em comparação com o mesmo período em 2024, que foi de 280.
Ao todo, 173 casos estão confirmados. Devido a pior epidemia nacional da doença no ano passado e ao aumento relativo de suspeitas no início de 2025, associada às ondas de calor e chuvas que favorecem a proliferação e atividade do vetor da dengue, o hospital vem trabalhando na estruturação de um protocolo e fluxo de atendimento que busque otimizar a atenção aos pacientes.
Revisado com base na última atualização do Ministério da Saúde, o protocolo estabelece um sistema de priorização e organização do atendimento, acolhendo pacientes, orientando-os sobre os sinais de alerta no curso da doença e, ao mesmo tempo, direcionando a atenção da equipe médica para casos mais suscetíveis ao desenvolvimento de formas graves da dengue.
“Hoje, todo paciente com diagnóstico suspeito ou confirmado de dengue recebe uma cartilha, elaborada com auxílio da gestão do grupo, onde constam informações importantes para o seguimento daquele paciente e para sua conscientização acerca da doença e suas formas graves de manifestação”, comenta o médico infectologista e Coordenador do serviço de Controle de Infecções do Hospital São Lucas, Dr. Luis Felipe Visconde (CRM: 201275/RQE: 111506).
Para além dessas medidas, o hospital ainda conta com a utilização de modelagens matemáticas, baseadas na série histórica de casos, e o auxílio de inteligência artificial aplicada à área médica, desenvolvendo um sistema de projeção para prever o número de atendimentos semanal de casos.
“A antecipação da informação é uma peça fundamental na gerência das estratégias de contenção durante a epidemia, pois permite que façamos as adequações dos recursos hospitalares com antecedência, mantendo a qualidade assistencial. A projeção é atualizada de forma dinâmica, e estamos com uma previsão média de 150 atendimentos para esta semana, podendo ascender para próximo de 170 na próxima”, explica.
DENV-3
Considerado um dos sorotipos mais virulentos da dengue, a DENV-3 tem sido identificada no Brasil em estados como São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. A variação do vírus não circulava predominantemente no país desde 2008.
Segundo o Ministério da Saúde, durante dezembro de 2024, 40,8% dos casos da doença foram provocados pelo sorotipo 3. Em Ribeirão Preto, a DENV-3 já foi detectada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP).
Com isso, é importante estar alerta aos sintomas da doença, sendo eles febre alta, dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos, dores musculares e articulares, náusea, vômito e manchas vermelhas no corpo.
“Os sintomas não são diferentes, mas a circulação de um novo sorotipo tem potencial de aumentar o número de casos, por que o vírus circula numa população que nunca teve contato com ele previamente e, portanto, não tem imunidade protetora”, alerta o infectologista.
FEVEREIRO/2025